Artigo escrito pelo Prof. Dr. Estevam Costa Thompson, discente do departamento de História, publicado na revista "New Perspectives on Angola". 

 

Resumo do artigo:

 

No final do século XVIII, os portos do Rio de Janeiro e de Benguela abrigavam uma comunidade de traficantes de escravos (negreiros) que cruzavam o Atlântico constantemente, praticamente habitando os dois lados do oceano. Um regime particularmente eficiente de ventos e mares correntes de tempo ligaram essas margens e permitiram o estabelecimento de com rotas comerciais entre eles. O fluxo constante de mercadorias, pessoas e notícias transformou este espaço transoceânico em um território conectado pelo Atlântico. Essas rotas comerciais regulares e a intensa comunicação entre Rio e Benguela permitiu a viagem cambaleante de um jovem escravo chamado Feliciano. Ele era um ilegítimo
até filho do Sargento-mor Antonio José de Barros, um dos mais importantes escravos comerciantes daquele porto africano. Nascido de uma escrava chamada Anna na casa de um grande empresário carioca, Feliciano rastreou informações sobre o pai que vivia em Benguela mas navegava frequentemente para o Brasil, especialmente para o Rio,
onde foi um membro influente de quatro ordens religiosas importantes e levantou três de seus legítimos filhos imaturos. O jovem escravo Feliciano embarcou em um navio negreiro e partiu para a África pedindo o reconhecimento da paternidade. Ele confrontou seu pai e foi libertado por ele, tornando-se parte de sua herança e de seu negócio de escravos. Feliciano José de Barros saiu da escravidão no Brasil para se tornar um importante traficante de escravos operando em Benguela, no virar do século XIX.

 

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